sábado, 25 de dezembro de 2010

Pedro e o desafio de renascer em Cristo...

Nada mais cristão, na profundidade da expressão, do que pensar no nascimento de Jesus em nós. Nada mais espírita, na essência da proposta, do que meditar sobre a necessidade constante e crescente de renascermos em Cristo.

E foi essa mesma a reflexão que nos inspirou a obra Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Cristo, que líamos hoje pela manhã, assinada por ninguém mais, ninguém menos, que Joseph Ratzinger, Sua Santidade, o papa Bento XVI, atual líder da Igreja Católica Romana.

Ao dissertar sobre Pedro, o autor fala sobre o caráter extremamente humano, comum a todos nós, da personalidade do notável líder dos primeiros cristãos. Um pescador simples que um dia exercia o ofício corriqueiro, quando recebeu o chamado da Verdade: Não tenha medo! De hoje em diante, serás um pescador de homens!

A esse respeito, pondera Bento XVI: "(Pedro) Aceita o convite surpreendente a envolver-se nesta grande aventura: é generoso, reconhece os seus limites, mas acredita naquele que o chama e segue o sonho do seu coração. Diz que sim (...) e converte-se num discípulo de Jesus".

Mas entre aceitar o chamado do Rabi e permanecer nele, sabemos muito bem, pode haver um abismo. Um abismo preenchido pela nossa falta de fé, pela nossa falta de construções íntimas no Bem e pela nossa absoluta falta de hábito no exercício regular da Virtude. Falta tanto, que o abismo se instala quase com a mesma espontaneidade com que a alegria de seguir Jesus nos havia preenchido.

E então? Então vem a hora de enfrentar face a face nossa pequenez. De encarar sem máscaras, nem pudores, o nosso pensamento viciado na ilusão, nosso sentimento condicionado aos ditames do ego e nossa vontade profundamente rasa.

É hora de lidar com nossa pretensão, com a audácia que não raras vezes nos leva a julgarmo-nos aptos a aconselhar a própria Verdade sobre como ela deveria ser. Exatamente como o fez, a certa altura, o próprio Pedro ao, acredite, repreender Jesus! Dizia o Mestre que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria.

O pescador de homens, por sua vez, "escandaliza-se e protesta", nos dizeres de Bento XVI, com o anúncio do Calvário Redentor, chama o Cristo para conversar reservadamente e pretende aconselhá-lo a ponderar melhor sobre o tema, talvez a propor algum "jeitinho" mais cômodo de resolver a questão... A resposta do Messias não poderia ser mais contundente: Retira-te de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens.

Compreendendo novamente, e com maior profundidade, o que significa se tornar um discípulo de Jesus, não sem melindre, nem contrariedade, Pedro reassume o compromisso anteriormente selado e nos lega mais um exemplo de empenho na edificação íntima da humildade e de perseverança na fé.

Exemplo que, em nossa modesta avaliação, jamais ganhou forma tão expressiva, contundente e comovente quanto na inspirada composição de Gladston Lage e Tim que leva o nome do apóstolo e pode ser vista abaixo. Uma canção que, se não arrebata a alma propriamente aos céus, arrasta-a irresistivelmente ao Caminho por meio do qual se pode chegar à Vida plena: o da entrega total do Espírito ao serviço com o Cristo, para além de todo o personalismo e de todo o interesse próprio, com a Verdade e pelo Bem de todos.

3 comentários:

Tadeu disse...

Muitos terão que renascer e renascer para entender a mensagem de Jesus.

Tadeu- http://espiritismoparatodos.blogspot.com

Roney disse...

Palavras bem colocadas, que me faz recordar bem este meu ano, as vezes perdido, como na passagem:

"o nosso pensamento viciado na ilusão, nosso sentimento condicionado aos ditames do ego e nossa vontade profundamente rasa."

Repetidas vezes erramos, a vontade falha, negamos ao cristo não só 3 vezes, mas muitas, nas diversas oportunidades de ajudar ao próximo e principalmente à nós mesmos.

"Eu, Tiago e João ao chão, em sono..."

Mas, este é o ser humano, imperfeito, aprendendo, caindo e levantando.

A música é belíssima.

O exemplo é o mestre, e vamos seguindo...

Denis Soares disse...

Eh isso mesmo... e Pedro funciona pra gente como se jesus dissesse: ta vendo? A escolha de me seguir está disponível para todos!

Grande e admirável figura é Pedro, por quem tenho especial carinho.