domingo, 29 de novembro de 2009

Novas

A charge espírita do Jornal O Povo

Olha só como as coisas podem chegar, pelas vias mais inusitadas, ao universo espírita... Na última quinta-feira (26), a Folha de São Paulo noticiou que o deputado federal Ciro Gomes (PSB) teria feito a seguinte alusão ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB): Eu comemoro que ele tenha finalmente notado que eu existo. Pois eu, normalmente, só percebo a existência dele por meio do coisa, que não é ele, é um ectoplasma.

A curiosa afirmação seria uma resposta ao fato de Serra ter se referido a Ciro, dias antes, nos seguintes termos: Ciro nem candidato é. E ele não vai fazer nada que o presidente Lula não queira.

Não vamos entrar no mérito do debate pré-eleitoral entre dois prováveis candidatos à presidência do nosso país. Mas não poderíamos ignorar a "tradução artística" do incidente político feita pelo chargista Clayton e publicada hoje no Jornal O Povo:

A imagem, pra quem não sabe, é uma referência às típicas reuniões mediúnicas de materialização, registradas em fotografia desde a segunda metade do século XIX. Em praticamente todas as fotos do tipo, pode-se perceber um médium, em pé ou sentado, e uma espécie de vapor opaco vazando pelo nariz, pela boca e/ou pelo ouvidos dele. No ponto de convergência dos fios esbranquiçados, forma-se a imagem de um rosto, um busto e, eventualmente, até de um corpo inteiro. Mais ou menos como se pode ver abaixo, no retrato do também cearense Peixotinho, um dos médiuns de efeitos físicos mais notáveis já registrados no Brasil.


O ectoplasma, termo cunhado pelo fisiologista francês Charles Richet, seria, a "substância" ou "energia espiritual" exteriorizada por esses médiuns, capaz de permitir o fenômeno da materialização de Espíritos. Quando lembramos que Ciro não é espírita, e que nem o conceito e nem as fotos são muito bem vistas pela comunidade científica, que costuma taxá-los de fantasia e charlatanismo, a intenção da referência a Serra ganha contornos bastante definidos...

Se não temos exatamente Arte Espírita, temos aí, pelo menos, um genuíno caso de espiritismo na arte, que não poderia passar despercebido por nós...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Idéias

Besouro: um herói que voa e vê Espíritos!

Eita, Brasil rico de cultura, arte e religiosidade! Um país que se forjou nos contatos - nada amistosos - entre povos totalmente diferentes. Que resultou numa sociedade altamente plural e heterogênea. E que ainda está aprendendo a lidar com toda essa diversidade.

É curioso notar como um país assim carece de heróis. Gente que represente a luta do povo, que sirva de exemplo para as conquistas e os anseios da gente. Não que eles não tenham existido. É só que poucos deles habitam a nossa memória.

No cinema, o diretor João Daniel Tikhomiroff tenta preencher essa lacuna com o filme Besouro: nasce um herói, que acaba de entrar em cartaz nos cinemas. O personagem-título é um capoeirista lendário que assombrou coronéis e fazendeiros do Recôncavo Baiano. Dizia-se que era capaz de levar a nocaute um pelotão de policiais, para sumir logo em seguida, sem deixar vestígio.

Mas o que nos inspira a escrever este texto é a forma como Tikhomiroff aborda as interações entre o mundo de cá e o de lá. O universo de Besouro é o das tradições africanas, particularmente do Candomblé. Homens e Orixás vivem em contato direto e freqüente. Rezas, sacrifícios e oferendas medeiam essa relação, vantajosa para ambas as partes.

Cabe ressaltar que, na tradição candomblecista, os Orixás não são Espíritos de pessoas falecidas. São ao mesmo tempo guardiões e representações dos elementos da natureza. Forças cósmicas que inteferem diretamente no destino dos homens. Tradicionalmente, são retratados com forma humana, mesclada com características dos elementos que personificam.

Na película, eles ganham uma representação exemplar em termos de naturalidade, expressão e relação com os homens e com a natureza de que fazem parte. Exemplar inclusive para os cineastas espíritas, atuais e potenciais, que haja por aí!

Um dos primeiros a aparecer é o temido Exu, orixá ambíguo, associado tanto a nobres quanto
terríveis realizações. No melhor estilo médium desorientado, um feirante percebe a presença da figura, confunde a entidade com uma pessoa comum que estivesse esnobando os produtos do quiosque dele, e parte pra cima do orixá! Detalhe: aos olhos da maior parte dos freqüentadores da feira, o pobre vendedor está se debatendo contra o vento!

Só quem parece compreender a "dança" do rapaz é o Besouro, ele também, capaz de ver os elementais. O capoeirista afasta o amigo e, também sem uma noção precisa a respeito de com o que está lidando, protagoniza uma luta e tanto com o Exu! Naturalmente, não acerta um único golpe, e ainda consegue demolir metade da feira na tentativa...

Ao longo da trama aparecem ainda o orientador espiritual, sempre pronto a aconselhar Besouro; a bela Iansã, a fluida Oxum, o guerreiro Ogum, o nebuloso Ossaim... Todos com uma naturalidade impactante, envolvidos em seus respectivos meios e áreas de atuação, cada um contribuindo com uma dádiva para a formação do herói.

Lá pelas tantas, tem até espaço para legítimos fenômenos de "psicapoeira"... Mas não vamos estragar as surpresas. Se ficou curioso, vai lá, prestigiar essa bela produção do cinema nacional. No geral, um bom filme, daqueles que deixam uma impressão agradável no espectador. Recomendo!


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Arte e Educação: uma proposta diferente

Nesse fim de semana, o Espírito de Arte Minas conheceu uma forma diferente de fazer Arte Espírita. Os integrantes do grupo instalados em Belo Horizonte viajaram na sexta (30/10) para o município de Sacramento, 490 quilômetros da capital. Lá permanece de pé o Colégio Allan Kardec, primeira escola espírita fundada no mundo, em 1907. Hoje o prédio abriga uma
instituição espírita, além de museu, livraria e memorial. As atividade propriamente educacionais foram transferidas para a Escola Eurípedes Barsanulfo, a cerca de um quilômetro do local.

O motivo da viagem foi o 4º Seminário de Educação do Espírito, que ocorreria simultaneamente ao 3º Festival de Artes da Evangelização de Espíritos, no Colégio. Além disso, haveria a participação de José Pacheco, grande idealizador da Escola da Ponte, e de companheiros notáveis da Arte Espírita, como Moacyr Camargo, Jaime Togores, Marcílio e Elaine Dias...

Pois bem! O que vimos lá foi a arte aplicada à educação. A proposta da Evangelização de Espíritos é a de que a arte sirva ao autoconhecimento e ao crescimento do educando. Quem usufrui do teatro, da música e da dança, é, antes de tudo, o próprio "artista". As obras se constroem a partir de vivências produzidas em encontros e oficinas. Essa elaboração é a parte mais importante do processo. A exibição pública, quando há, normalmente se limita a encontros para troca de experiências entre os grupos que já praticam a metodologia.

O trabalho já é desenvolvido com sucesso em mais de 40 cidades de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Goiás. O Espírito de Arte Minas pretende estudar e conhecer melhor a proposta nos próximos meses. Quem sabe, a empreitada não resulta em algum novo projeto...

Em Sacramento, só fizemos apresentações informais, em momentos de intervalo. Além disso, como se pode ver ao lado, demos uma força ao coral infantil de Rondonópolis (MT) que pretendia apresentar a canção Anjos, na Tarde de Talentos do domingo.


Mas um dos momentos mais marcantes do fim de semana foi o bate-papo com o Pacheco! Além de ouvirmos um pouco sobre a experiência única desse educador português e sua escola no interior de Portugal, tivemos a honra de acompanhar uma execução ao vivo do Hino da Escola da Ponte. Detalhe: com o violão do Espírito de Arte!!! Foto e vídeo, só com o finalzinho da canção, logo abaixo: