sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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A Moça Espírita de Clarice Lispector

"A moça, com os sapatos apertados, estremeceu com medo de si própria. Tinha medo de se purificar tanto que não pre­cisasse de mais nada. Como imaginar um ser que não precisasse de nada? era monstruoso. 'Não quero progredir', disse tei­mosa (...) Oh Deus, por que me escolheste para ser espírita e para compreender e saber?"

Eis o mote de uma curiosa reflexão espírita feita pela personagem Ermelinda, no livro A Maçã no Escuro, de Clarice Lispector. O romance, que recebeu em 1962 o Prêmio Carmem Dolores Barbosa de melhor trabalho literário do ano, trata do drama pessoal de Martim. Ele vive uma relação conturbada com três mulheres: Vitória, dona da fazenda onde trabalha em troca de hospedagem; a mulata empregada da fazenda, cujo nome não é revelado na trama; e Ermelinda, prima de Vitória, viúva animada com a chegada de um homem ao ambiente antes tomado pela feminilidade...

Quando consegue marcar um encontro com Martim, Ermelinda chega mais cedo ao local combinado e aguarda sozinha por cerca de uma hora. É nesse meio tempo que reflete sobre si, seus medos e incertezas, a incapacidade de ser como gostaria e a falta de tempo para conquistar todos os sonhos... É aí que vem o medo da finitude e de uma certa insustentável leveza do Espírito. Com vocês, a reflexão espírita de Clarice Lispector:

http://espiritodearte.blogspot.com/2008/12/contedo-extra.html

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